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Escola - Etec Prof. Edson Galvão

Por Mônica Maria Toscani Cseri Ricardo

A Escola Técnica Estadual professor (ETEC) Edson Galvão, de Itapetininga, desde a sua fundação (na época, como Escola Prática de Agricultura), na década de 1940, tem sido um espaço de socialização, educação e formação de várias gerações na região sul paulista.

Em 1942, durante o Estado Novo, governo de Getúlio Vargas, tendo sido nomeado como interventor federal para o estado de São Paulo, o agrônomo Fernando Costa, foram criadas dez Escolas Práticas de Agricultura para a formação profissional de trabalhadores da área rural, entre elas, a de Itapetininga, da Região Administrativa de Sorocaba:

Através do Decreto nº 12.724 de 3 de junho de 1942 o interventor criou dez Escolas Práticas de Agricultura no Estado de São Paulo, pretendendo levar a cultura ao produtor rural nos seguintes municípios: Amparo, Araçatuba, Bauru (posteriormente denominada Gustavo Capanema), Guaratinguetá (chamada de Paulo de Lima Corrêa), Itapetininga (batizada de Carlos Botelho), Marília, Pirassununga, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

As Escolas Práticas de Agricultura foram instituídas com o objetivo de ampliar o ensino rural em São Paulo, e, segundo Teles e Iokoi (2005), o estado foi dividido em zonas para a criação de escolas profissionais, com o regime de internato e de preferência para filhos de trabalhadores rurais, alfabetizados ou não, pois havia programa para alunos analfabetos e alunos já alfabetizados, sem gastos para os pais. Essas escolas tinham, como conhecimentos de “cultura geral”, aulas de “Linguagem, Aritmética, Noções de Geografia e História do Brasil, Lições de Coisas e Educação Moral e Cívica” e os programas específicos para as áreas de Agricultura e Pecuária, divididos em três anos.

Além da Escola Prática de Agricultura de Itapetininga, foram inauguradas em 1945 em Pirassununga, Ribeirão Preto, Guaratinguetá e Bauru. As demais, segundo Teles e Iokoi (2005), não foram efetivadas em virtude “da alteração da conjuntura política nacional, pela presença do Brasil na II Guerra e pela crise do Estado Novo” (p. 64).

A Escola Prática de Agricultura “Carlos Botelho”, em sua inauguração em Itapetininga, abrangia uma área de 400 alqueires (968 hectares), com 20 mil metros quadrados de área construída, no Bairro Capão Alto. A escola foi idealizada em 1942, mas foi inaugurada somente em junho de 1945, juntamente com outras unidades em diferentes cidades do estado de São Paulo.

O corpo discente seria formado por alunos do meio rural, com idades entre 15 e 25 anos. Ainda segundo o projeto de Costa, o estudante deveria aprender fazendo e descobrir o porquê dos problemas rurais. “A parte teórica visaria apenas a consolidar os conhecimentos adquiridos nos trabalhos práticos, considerando-se que as escolas receberiam alunos heterogêneos, existindo entre eles alfabetizados e semianalfabetos, jovens que não haviam frequentado o primário ou o frequentaram por pouco tempo”, registra o livro de um ex-aluno Oliveira (2001). “Havia, portanto, duas horas de aulas teóricas necessárias à compreensão das aulas práticas a serem ministradas. A educação física era obrigatória”. (OLIVEIRA, 2001)

Mudanças

Mas, a partir de 1950, as condições políticas e históricas levaram a uma desvalorização do ensino agrícola e haviam críticas quanto aos custos de manutenção dos cursos. Com a eleição de Jânio Quadros em 1955 para governador de São Paulo, em dezembro de 1956, o espaço da EPA Carlos Botelho passa à disposição do Instituto Penal Agrícola de Itapetininga (Departamento dos Presídios do Estado, Secretaria da Justiça e passou a ser Instituto Penal Agrícola, ministrando oficinas de mecânica e carroçaria, fábrica de colchões, sapataria, alfaiataria, barbearia, padaria, além da criação de coelhos, aves, porcos, bovinos e outras atividades agrícolas aos reeducandos.

O retorno do ensino agrícola: da Escola de Iniciação agrícola até a ETEC Professor Edson Galvão

Em 1957, foram criadas as Escolas de Iniciação Agrícola, de nível primário, como dois anos de duração, subordinadas à Secretaria de Agricultura.

Em 11 de outubro de 1957, ocorreu a doação de uma área de terra de 299 mil metros quadrados, com a finalidade de construir uma Escola de Iniciação Agrícola no município de Itapetininga, em outro local, no Bairro da Chapadinha. Quem adquiriu o terreno para a construção desse novo tipo de instituição de ensino foi o Instituto de Previdência do Estado de São Paulo e como transmitente a Prefeitura Municipal de Itapetininga, no ato, representada pelo prefeito da época, Darcy Vieira. A Escola de Iniciação Agrícola de Itapetininga funcionou entre os anos de 1962 e 1969, para o ensino de práticas agropecuárias para alunos de 9 a 11 anos.

O Decreto 51.094 , de dezembro de 1968, do então governador do Estado de São Paulo Abreu Sodré extinguiu as escolas de iniciação agrícola e, em seu lugar foram criados “Colégios Agrícolas” nos seguintes municípios: Cabrália Paulista, Cândido Mota, Cerqueira Cesar, Franca, Garça, Igarapava, Itu, Itapetininga, Jundiai, Miguelópolis, Mirassol, Monte Aprazível, Paranapanema, Quatá, Rancharia, Santa Rita do Passa Quatro, São Simão, Vera Cruz.

Os Colégios Agrícolas (ou Escolas Agrícolas) passaram para os planos da Secretaria de Educação em 1963.

Em Itapetininga, a Escola Técnica Agropecuária (Escola ou Colégio Agrícola) foi fundada em 16 de dezembro de 1968 e inaugurada em 20 de março de 1969 onde se localizava a antiga Escola de Iniciação Agrícola. Em homenagem ao professor matemático e estatístico Édson Galvão, a Escola passa a chamar-se Colégio Agrícola Professor Edson Galvão, agora com cursos voltados para o Ensino Médio e Técnico em Agricultura e Pecuária.

No Bairro Capão Alto, (localização atual da ETEC Edson Galvão), o Instituto Penal Agrícola de Itapetininga foi extinto em 1965, e em seu lugar, é instalada a Escola de Artes e Ofícios para Menores, um abrigo de menores, com o objetivo de profissionalizar jovens carentes e depois, na Fundação Estadual para o Bem estar do Menor (FEBEM), sendo que as instalações da antiga EPA passaram novamente por adaptações e depredações por parte dos internos e assim se manteve até o ano de 1985, quando foi desativada, já em condições materiais bastante precárias, resultado da ação do tempo e do abandono.

Em 1985, a administração do imóvel da Escola Agrícola (no Bairro da Chapadinha, no local da extinta Escola de Iniciação Agrícola) passa da Secretaria da Educação para a Secretaria de Saúde, que autoriza seu uso para outros fins. A FEBEM, localizada no Bairro Capão Alto, com edifício de arquitetura neocolonial, também foi desativada no mesmo ano. Assim, o governo estadual, por interferência de autoridades locais, decidiu retomar as atividades da Escola Agrícola em suas dependências originais, no Bairro capão Alto, agora bastante modificadas por diversas ações a que foram submetidas.

O Colégio Agrícola, transferido para as dependências atuais no Bairro Capão Alto no final de 1987, foi administrado pela Secretaria de Educação até 1993. Em 27 de outubro de 1993, o governo estadual autoriza a transferência das Escolas Técnicas Estaduais para o Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza” (CEETPS). A escola possuía em média de  400 alqueires iniciais, reduzindo para 98 alqueires, por conta do assentamento rural e construção do presidio.

 

A ETEC Edson Galvão no início do século XXI

No ano de 2006, foi iniciada uma reforma dos prédios nas dependências da escola, utilizando recursos provenientes do PROEP. Nessa época, foi reformado um terço das áreas do prédio central, tornando possível a habilitação da área administrativa, laboratórios de informática, sala dos professores, sala de apoio pedagógico, diretoria de serviços, salas de aula, biblioteca, lavanderia, refeitório com dispensa e cozinha, e o antigo refeitório passou a ser laboratório de agroindústria.

Além disso, novos cursos, além do Ensino Médio e técnico em Pecuária e Agricultura já existentes, foram incorporados a partir de 2008, para atender à crescente demanda, incluindo os cursos: Técnico em Agroindústria, Técnico em Agricultura Familiar, Técnico em Gestão Rural, Técnico em Gestão Ambiental, entre outros. Em 2010, a escola passou a ter 14 cursos, alguns dá área de serviços; e, em 2012, a ETEC Professor Edson Galvão foi desmembrada em duas: através do Decreto nº 58.161, de 22 de junho de 2012, no qual o governador Geraldo Alkmin cria a ETEC Darcy Pereira de Moraes, em outra localidade do município de Itapetininga. Parte dos cursos, da área de serviços, foram para a nova escola.

Atualmente (2020), a ETEC Professor Edson Galvão conta com dois cursos de Ensino Médio Integrado ao Técnico de Agropecuária, com seis salas, no período diurno e outros cursos técnicos modulares noturnos, um, de Técnico em Agroindústria, na própria unidade e outro, Técnico em agronegócio em sala descentralizada, na cidade vizinha de São Miguel Arcanjo (SP); para onde os professores se deslocam.

 

Bibliografia

MASCARO, Luciana Pelaes. Difusão da Arquitetura Neocolonial no Interior Paulista, 1920-1950. Tese .2008. 578 p. ( Doutorado em Arquitetura e Urbanismo ) Escola de Engenharia de São Carlos- Universidade de São Paulo, 2008.

SILVA, Marta Leandro da; MARQUES, Waldemar. A trajetória política e histórico-normativa do ensino técnico da área de agropecuária no estado de São Paulo: a história política de transição por decretos (de 1882 a 2001). Revista on line de Política e Gestão Educacional, [S.l.], n. 16, feb. 2017. ISSN 1519-9029. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2020. doi:https://doi.org/10.22633/rpge.v0i16.9362.

TELES, Teresa Cristina. IOKOI, Zilda M. G. Campus de Pirassununga da USP: memória e História. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.

Fontes

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto n. 13.318, de 19 de abril de 1943, que dá denominações ás Escolas Práticas de Agricultura de Ribeirão Preto, Itapetininga e Baurú. Disponível em: Acesso em: 01/06/2019.

FOLHA DE ITAPETININGA. 15 de fevereiro de 1997. Arquivo ETEC Prof. Edson Galvão.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE TERRAS DO ESTADO DE SÂO PAULO (ITESP). Situação Quanto à Localização Municipal. . Disponível em: . Acesso em: 05/06/2019.

JORNAL A Noite, 21 de julho de 1944. Disponível em: Acesso em: 01/06/2019.

PLANO DE CURSO. Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. São Paulo, 2017.

PROEP 2008.Sumário Executivo. Fundo Nacional de Desenvilvimento da Educação. Ministério da Educação, (p.5) 2008.

SÃO PAULO ( Estado). Decreto nº 12.800 de 8.7.1942 fixou as diretrizes os programas de Ensino, as disciplinas e seus conteúdos das escolas agrícolas. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1942/decreto-12800-08.07.1942.html. acesso em 09/01/2020.

SÃO PAULO. Decreto-Lei nº 16.108, de 14 de setembro de 1946. Diario Oficial do Estado de São Paulo. 1946. Disponível em: http://dobuscadireta.imprensaoficial.com.br/default.aspx?DataPublicacao=19460918&Caderno=Poder%20Executivo&NumeroPagina=2. Acesso em 16/01/2020.

SÃO PAULO. Decreto nº 51.094, de 16 de dezembro de 1968. Dispõe sôbre expansão do ensino agrícola. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1968/decreto-51094-16.12.1968.html. Acesso em 16/01/2020.

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